O MAAT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia de Lisboa inaugura sua programação de 2018 com duas exposições, Supergood – Diálogos com Ernesto de Sousa e Bem-Vindos à Cidade do Medo, que tratam respectivamente da obra de Ernesto de Sousa e a crise financeira que afetou Nova Iorque nos anos 1970.
Saiba mais sobre as exposições, a seguir:
Repensar a obra de Ernesto de Sousa
A exposição Supergood – Diálogos com Ernesto de Sousa foi pensada a partir da obra de Ernesto de Sousa, “o detonador”, nas palavras de Álvaro Lapa, e uma figura fundamental da vanguarda portuguesa do século XX. A exposição promove uma revisão e atualização da obra de Ernesto de Sousa, colocando, lado a lado, artistas de diferentes gerações e nacionalidades, que exploram as dimensões política, cultural e ideológica que marcaram a atuação de Ernesto de Sousa ao longo de mais de duas décadas. Desta forma, o legado artístico e conceptual de Ernesto de Sousa é convertido num campo vasto de experimentação e no ponto de partida para uma reflexão em torno das práticas artísticas atuais. Ao lado de trabalhos já existente.
Com curadoria do artista Hugo Canoilas, esta exposição coloca em diálogo os artistas Melanie Bonajo, Rita Sobral Campos, Vasco Costa, Simon Dybbroe Møller, Supergood e Jannis Varelas. Cada artista ficou associado a uma obra específica do legado de Ernesto de Sousa: o texto "Artes gráficas- veículo de intimidade" serviu de ponto de partida para o convite aos Supergood; “O teu corpo é o meu corpo”, uma série de ações, performances e exposições com participação de Simon Dybbroe Møller; o filme "Dom Roberto" indicou o trabalho de Melanie Bonajo; a operação "Encontro no Guincho" remete para Jannis Varelas; o texto a "Oralidade, futuro da arte?" foi proposta a Rita Sobral Campos; e a exposição "Barristas e imaginários: quatro artistas populares do Norte" apresentado a Vasco Costa.
O trabalho realizado passou por pensar estas obras, textos ou exposições, que estão associados a um contexto artístico, histórico e político que marcou a atuação de Ernesto de Sousa. Para além de prestar homenagem a esta figura emblemática, a exposição cria uma ponte entre a obra de artistas contemporâneos e este legado.
O medo por João Fonte Santa
Na exposição Bem-Vindos à Cidade do Medo, João Fonte Santa parte de uma reflexão sobre a crise financeira que afetou Nova Iorque nos anos 70, para analisar o estado do mundo, expressando uma observação lúdica e crítica sobre a atualidade social, política e cultural.
Com curadoria de Sandra Vieira Jürgens, Fonte Santa apresenta um conjunto de obras de pintura, desenho e vídeo de produção recente, onde trabalha sobre o significado político e filosófico do medo, os processos de desterritorialização da guerra, os conflitos e a instabilidade permanentes, bem como a contínua vigilância e controlo que marcam a nossa contemporaneidade. No seu trabalho, aborda também as causas da desestabilização que define o nosso tempo: a política internacional, muito marcada pela eleição de Donald Trump, o projeto e a visão neoliberais do mundo, a economia do medo, as vagas de crise e de estados de choque coletivo, provocadas por guerras, ataques terroristas, colapsos financeiros, catástrofes naturais e industriais. Mas, sem dúvida, que o Medo é um dos temas centrais da exposição e a forma como este se apoderou da sociedade contemporânea: “O medo é um estado de insegurança permanente que é criado artificialmente através de uma campanha do poder político com a cumplicidade dos órgãos de informação que tira diretos de cidadania e de representação aos cidadãos” explica o artista.
Nos novos trabalhos que apresenta - na continuidade do livro de autor O Colapso da Civilização publicado em 2016 - convocam-se relações de associação entre imagens de jornais, da televisão e da Internet com os campos da cultura popular, seja com a música pop marginal ou com o cinema série B, mas também com narrativas e atmosferas estéticas inspiradas na literatura do século XIX ou no pensamento e ação de filósofos — como Gramsci, Adorno, Chomsky e Naomi Klein —, autores que convocam desafios sempre presentes na construção de um outro futuro.